quinta-feira, 26 de maio de 2011

Focando o Neném

Martinho Lutero foi muito sábio quando comparou a Bíblia a “um berço cujo neném é Cristo”. Ele estava apontando para o cerne das Escrituras – Jesus Cristo. E é por causa de Cristo, e somente por causa dele, que todo o restante da Bíblia faz sentido. Tudo deve ser interpretado à luz de Cristo e sua graciosa obra redentora. Os teólogos chamam essa forma de interpretação das Escrituras de “Hermenêutica Cristocêntrica.” 
Qualquer interpretação que desvie o foco desse cerne, torna-se, invariavelmente, falsa. 
Deste modo, quando alguém faz o carro chefe de sua pregação girar em torno de uma data de juízo ou retorno de Cristo, será falso profeta, não somente porque errou a data, mas porque desviou do foco. O mesmo sucede com quem prioriza em sua pregação a guarda de um dia específico da semana, o cumprimento de um mandamento específico, o dízimo, ou enfatiza as bênçãos materiais da Bíblia, caindo na teologia da prosperidade.
Na mesma linha de graça desfocada enfileiram-se os moralistas que amarelam diante de alguns pecados e diante de outros nem ficam ruborizados. Rilham os dentes contra os pecados da moda e desconhecem os do DNA. Como se para alguns tipos de pecados não houvesse misericórdia, e outros dela não necessitassem.
Pregação focada na verdade é aquela que põe todos igualmente sob juízo, que virá, seja hoje, amanhã, em dez anos, ou em milênios. E que revela a todos a graça em Cristo, não condicionada a um sábado, a um dízimo, a um êxtase, nem a qualquer outra obra humana.
No foco, mãos que agarram pedras, se afrouxam e abrem; e pecadores se aprumam e revivem. Fora de foco, todos se tornam escravos: uns de sua petulância, outros de seus medos. 
Pastor Renato Leonardo Regauer